sexta-feira, 25 de abril de 2014

HIPERPLASIA MUSCULAR INDUZIDA PELO TREINAMENTO RESISTIDO

  Os músculos crescem em tamanho devido ao crescimento das fibras musculares já existentes conceito este definido de hipertrofia muscular. No entanto, em condições extremas de tamanho muscular e carga de trabalho, há evidências substanciais de que os músculos podem tirar proveito de um mecanismo mais espetacular, pois eles podem dividir para formar novas fibras adicionais, um mecanismo denominado hiperplasia muscular.
  Uma questão comum destina-se esclarecer se o treinamento faz aumentar o numero de células musculares (hiperplasia). Se isso de fato ocorre, até que ponto contribui para o aumento muscular evidenciados nos seres humanos. A sobrecarga crônica induzida pelo treinamento no sistema muscular esquelético em varias espécies animais demonstrou surgir novas fibras musculares a partir de células satélites, ou por divisão longitudinal. Influenciadas por condições como estresse muscular, as células satélites normalmente adormecidas se transformam em novas fibras musculares.
ATLETA DE BODYBUILDING 

  Foi observado evidencias da ocorrência de hiperplasia muscular em ratos submetidos ao treinamento resistido de alta intensidade. Estudos posteriores também apresentaram esta adaptação do aumento do numero de fibras musculares esqueléticas em animais que participaram de um programa de treinamento resistido.
  Com aves Sola; Christensen; Martin (1973) utilizando um modelo aviário colocando um peso na asa de uma galinha relativa a 10% do peso desta ave por um período de 30 dias sem interrupção. Constatou que o músculo dorsal responsável pelos movimentos da asa aumentou o numero de fibras na ordem de 16%.        Outras experiências utilizando o mesmo princípio com o mesmo fundamento chegaram a resultados ainda maiores (172%) na massa muscular das aves verificadas.
 Outros fatores promoveriam a hiperplasia muscular como à sobrecarga mecânica que provocou mudanças na porcentagem de fibras musculares em todos os modelos analisados. Em especial nos modelos aviários que demonstrou maior aumento no numero de fibras (cerca de 21%), em relação aos mamíferos (cerca de 8%).A sobrecarga de alongamento rendeu maiores aumentos no numero de fibras musculares do que a hipertrofia compensatória.
  Os resultados deste estudo sugerem que em varias formas animais a sobrecarga mecânica proporcionou o aumento no número de fibras musculares.Embora este fenômeno ainda não ser constatado de fato na espécie humana como adaptação do treinamento resistido de alta intensidade  a hiperplasia muscular parece não ser uma adaptação improvável nestes indivíduos. Alguns autores fornecem consideráveis dados que sugerem a ocorrência do aumento no numero de fibras musculares em seres humanos praticantes dessa modalidade de exercícios.
  Powers; Howley (2009) relatam que possível parte do aumento muscular relacionado ao treinamento resistido prolongado de alguns fisiculturistas seja resultado de hiperplasia por apresentarem mais fibras por unidades motoras do que população geral
 Segundo MacDougall et al (1984) verificou que a circunferência do braço de fisiculturista ser cerca 27% maior que indivíduos sedentários, o tamanho da área de secção transversa das fibras do tríceps braquial destes atletas não se representa diferença das outras pessoas avaliadas. Assim a hiperplasia poderia ter exercido importante papel no aumento muscular desses atletas.
  Um dos fatores que dificulta para verificar a ocorrência do efeito hiperplásico em seres humanos é a metodologia utilizada na investigação desse processo que demonstra ser muito invasiva encontrando barreiras éticas para sua aplicabilidade. Podendo ser observada o aumento do numero de células musculares em humanos só pelos métodos de tomografia computadorizada e ressonância magnética. Impossibilitando a contagem de fibras musculares pelos métodos evasivos.
  Embora a possibilidade de hiperplasia muscular ocorrer, sua importância para o treinamento resistido ainda precisa ser estabelecida. Este mecanismo não poderia justificar mais que 5 % do crescimento muscular em determinados indivíduos (UCHIDA et al, 2003).

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


MacDougall, J.D, SALE, D.G; ALWAY, S.E, SUTTON, J.R. Muscle fiber number in biceps brachii in bodybuilders and control subjects. J Appl Physiol; 57(5):1399-403. 1984.
POWERS, S.K , HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 6ed. Barrueri: Manole, 2009.
SOLA, O. M., CHRISTENSEN, D. L.,  MARTIN, A. W. Hypertrophy and hyperplasia of adult chicken anterior latissimus dorsi muscles following stretch with and without denervation. Exp. Neurol. 41: 76–100, 1973.
UCHIDA,M. C.CHARRO, M. A.BACURAU, R. F. P. NAVARO, F. PONTES JUNIOR, F. L.  Manual de musculação: uma abordagem teórico -prática ao treinamento de 
força.São Paulo: Phorte, 2003.


 

CÉLULAS SATÉLITES

  As células satélites são pequenas células com grande atividade mitogênica que contribuem para o crescimento, reparo e regeneração de fibras musculares danificadas. Foram inicialmente descritas e identificadas em fibras musculares de rã. Levam esta nomenclatura por sua localização anatômica debaixo da membrana basal da fibra muscular. Enquanto o tecido muscular esquelético não sofrer agressões, estas células permanecem em estado de quiescência (repouso).
 Influenciadas por estímulos extracelulares e estresse mecânico proporcionado pelo exercício físico aos componentes contrateis do músculo as células satélites são ativadas, podendo se diferenciar em células progenitoras miogênicas (MPC) ou mioblastos adultos, dividir-se, migrar e fundir-se contribuindo para regeneração ou crescimento muscular. 
CÉLULAS SATÉLITES

  Após ativação as células satélites inserem seus mionúcleos, nas fibras danificadas estimulando a produção do RNA mensageiro e as proteínas para um finito volume citoplasmático, levando ao aumento do tamanho da célula auxiliando no reparo podendo proporcionar a hipertrofia muscular, entretanto se essas células unirem seus núcleos pode formar novas fibras proporcionando o fenômeno de hiperplasia muscular.
 O treinamento resistido estimula a liberação de diversos hormônios, fatores de crescimento que regularia na ação das células satélites, estimulando a regeneração e a hipertrofia muscular. Entre eles, destacam-se o IGF-1, HGF, FGF, TGF-beta, GH e testosterona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDERSON, J.E. The satellite cell as a companion in skeletal muscle plasticity: currency, conveyance, clue, connector and colander. The Journal of Experimental Biology, v. 209, p. 2276-2292, 2006.
HAWKE, T. J. Muscle stem Cells and Exercise Training. Exerc. Sport Sci. Rev,[S.I];v.33,n.2,p.63-8, 2005.
MACHADO, M. Atualidades em fisiologia do músculo esquelético- célula satélite e hipertrofia. Perspectivas, Online, V. 5, N. 1, 2008.

HIPERPLASIA MUSCULAR

 Outro mecanismo alternativo a hipertrofia muscular que poderia promover o aumento muscular seria a hiperplasia muscular que é o aumento do numero de células ou fibras musculares.
 Entretanto este fenômeno é bastante controverso, o conceito hiperplasia muscular foi primeiramente aplicado como uma estratégia de adaptação para o aumento muscular de animais em laboratório. Apesar de criticas apresentadas a esses estudos que demonstraram o provável processo hiperplásico como indutor de aumento de fibras musculares. Argumentou-se que os métodos de avaliação utilizados eram questionáveis podendo ter ocorrido danos amostras ou degeneração de fibras musculares durante a pesquisa.
  Assim induzido o efeito hiperplásico observado, portanto não apresentaria respaldo suficiente para a constatação deste mecanismo alternativo de aumento muscular. Entretanto novos estudos foram realizados, atento a possíveis fatores que poderia interferir com o resultado da pesquisa, novamente a ocorrência do aumento no número de fibras musculares (hiperplasia) foi evidenciado. 
TECIDO MUSCULAR ESQUELÉTICO

 Para McArdle; Katch; Katch (2008) relatam evidências de hiperplasia muscular em humanos através de autópsia, onde a contagem de fibras musculares da perna mais volumosa e mais forte (perna oposta á mão dominante) apresentou 10% mais fibras musculares que a perna menor apoiando a ocorrência de hiperplasia muscular em seres humanos.
 Existem dois mecanismos em que novas fibras podem ser formadas: Através de cisão longitudinal onde fibras grandes podem se dividir em duas ou mais fibras menores, ou seja, divisão da fibra.Pela ativação de células satélites, podendo contribuir para formação de uma nova fibra muscular 


 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FLECK, S., KRAEMER W.J., Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 3º edição. Porto Alegre: Artmed-Bookman, 2006.
GONYEA W.J. Role of exercise in inducing increases in skeletal muscle fiber number. J Appl Physiol; 48(3):421-6. 1980.
MCARDLE,W.E, KATCH,F.I, KATCH,V.L. Fisiologia do Exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 6ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

HIPERTROFIA MUSCULAR

 O músculo esquelético é um tecido com uma surpreendente capacidade de adaptarem-se as cargas (estresse) que lhe são impostos.Sua composição pode ser alterada em resposta a aplicação de sobrecarga mecânica acontecendo um aumento do tamanho do músculo, sobretudo da sua área de secção transversa.Esta razão se deva a hipertrofia muscular que é um aumento na secção transversa do músculo, e isso significa aumento no tamanho e no número de filamentos de actina e miosina e adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes.

Uma das principais adaptações do treinamento resistido é a hipertrofia muscular decorrente pela adaptação morfológica, resultado de um maior processo de síntese em relação à degradação protéica.Engatilhadas por lesões que são denominadas microtraumas adaptativos (MTA), desencadeadas particularmente pela contração excêntrica que resultam em uma resposta inflamatória aguda e branda que sinaliza a regeneração ou desenvolvimento do tecido muscular proporcionando uma adaptação referente ao estimulo aplicado através do treinamento resistido.A eficiência desse processo demonstra a superioridade do treinamento de sobrecarga em relação ao treinamento de endurance e força máxima diante o aumento da área fisiológica em corte transversal do músculo (AFCT).Fator este proporcionado à magnitude dos MTA, fator indutor de respostas especificas hormonais, metabólica, neurais e imunológicas as quais estão envolvidas no processo de hipertrofia muscular.
 Existe um grande número de agentes que promove a hipertrofia do músculo esquelético, mas os papéis desses fatores anabólicos sobre as respostas hipertróficas ao treinamento de sobrecarga são incertos.Alguns fatores anabólicos (tais como a testosterona, IGF-1e o GH) aumentam durante períodos agudos de treinamento, podendo produzir alterações crônicas no tamanho muscular.Um dos principais responsáveis pela estimulação das alterações de força diante o treinamento e claramente indutor do crescimento do tamanho das fibras musculares é a testosterona junto com atividades do eixo GH/ IGF-1.Estudos em animais demonstram que o GH tenha efeitos primários, o IGF-1demonstra ser predominantemente responsável pelo crescimento muscular diante observações com uma exposição exógena (influencia do meio ambiente) ou endógena (hormônios e fatores de crescimento) ao GH, refletindo o aumento tanto da síntese de proteínas por meio do aumento no transporte de aminoácidos, como a inibição na degradação de proteínas celulares.
  Fator este desencadeado pelo estresse mecânico, provocado pelo treinamento aos componentes contrateis do sistema muscular induz as proteínas sinalizadoras a ativarem os genes indutores a translação do RNA mensageiro que estimulam a síntese protéica mais eficiente e acelerada, quando combinada com os efeitos da insulina e disponibilidade adequada de aminoácidos ocorre aumento no tamanho muscular durante o treinamento resistido.   

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS AND MEDICINE. Recursos do ACMS para o personal trainer.Rio de janeiro: Guanabara Koonga, 2006.
BOMPA. T, CORNACCHIA. L.J. Treinamento de força conscienteSão Paulo: Phorte Editora, 2000.
IDE.B.M, LOPES,C.R. Fundamentos do treinamento de força,potencia e hipertrofia nos esportes.São Paulo: Phorte,2008.
PHILLIPS, S.M. Short-term training: when do repeated bouts of exercise become training? Can. J. Appl. Physiol., v. 25, n. 3, p. 185-193, 2000.
ROWLAND. T. W. Fisiologia do exercício na criança. 2.ed.Barueri,SP:Manole, 2008.

MIOSTATINA FATOR DE INIBIÇÃO DE CRESCIMENTO MUSCULAR

A descoberta de uma proteína denominada miostatina também chamado GDF-8(fator de crescimento e diferenciação) membro da superfamília de fatores de crescimento TGF-beta tem sido considerado um dos principais reguladores negativos do processo de hipertrofia muscular. A miostatina é uma proteína expressa na
Animal com gene inativo de miostatina
musculatura esquelética tanto no período embrionário quanto na idade adulta.
Sua função consiste em regular a proliferação dos mioblastos durante o período embrionário e a síntese protéica na musculatura esquelética durante e após o período embrionário e esta principalmente relacionada a inibição do crescimento e regeneração do músculo esquelético. Estudos realizados com camundongos demonstraram que quando um gene da proteína miostatina era inativos, esses animais ficavam magros e extremamente musculosos, a raça de gado Belgian Blue (azul belga) também apresentou um desenvolvimento muscular excepcional utilizando método semelhante.
Foi evidenciado o primeiro caso em um ser humano, em um menino alemão extremamente musculoso fator este provocado por uma dose dupla de mutução genética que inativa completamente a produção de miostatina. O mecanismo indutor da inibição do crescimento muscular pode acontecer mantendo as células satélites quiescentes adormecidas limitando a proliferação, sem ação da miostatina migrariam e levaria uma proliferação desenfreada dessas células promovendo o crescimento muscular. 
Vários estudos tem sido realizados procurando encontrar o método mais efetivo para bloquear a sinalização da miostatina in vivo, proporcionando consequentemente o aumento de força e massa muscular, AIDS e câncer assim como uma expectativa de recurso ergogênico para atletas que pretedem desenvolver sua massa muscular visando melhor desempenho esportivo.
O papel de regulação do crescimento muscular proporcionando pela miostatina demostrou ser anulado quando um gene era inativo dessa proteína, promovendo um enorme crescimento muscular em animais e humanos, ainda não se encontrou método efetivo de isolamento dessa proteçina em humanos. 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ARTIOLI.G.A,HIRATA,R.D.C, JUNIOR.A.H.L, Teraria gênica,doping genético e esporte fundamentaçãoe implicações para o futuro.Rev.Bras.Med.Esporte.2007

BONOMO. C,OKOSHI.K,SILVA. M.D.P,OKOSHI.M.P.Miostatina e redução da massa muscular em doenças crônicas.Rev.Bras.Clin.Med.2010.

MCPHERRON.A.C, LAWLER. A.M,LEE.S.J,Regulation of skeletal muscle mass in mice by a new tgf-beta superfamily nember. Nature 1997.